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Foto do escritorArthur Alexander

A psicanálise é uma disciplina que mergulha nas profundezas da psique humana, explorando os recantos mais obscuros e complexos da mente. Entre os nomes proeminentes que contribuíram para o desenvolvimento dessa área, Jacques Lacan se destaca como uma figura influente e provocativa. Seu conceito de sujeito é um dos pilares de sua teoria e continua a intrigar e desafiar estudiosos e profissionais da psicanálise.


O Sujeito como um Construto Lacaniano


Para compreender o conceito de sujeito em Lacan, é essencial deixar de lado as concepções tradicionais de sujeito como um indivíduo autônomo e consciente de si mesmo. Lacan propôs uma visão mais complexa e enigmática do sujeito.


Segundo Lacan, o sujeito não é uma entidade estável e coesa, mas sim um constructo que emerge da interação entre o indivíduo e a linguagem. Ele argumentou que a linguagem é fundamental para a constituição do sujeito, pois é por meio da linguagem que atribuímos significado às nossas experiências e construímos nossa identidade.


O Espelho como Metáfora do Sujeito


Uma das metáforas mais famosas de Lacan para o sujeito é o conceito do "estádio do espelho". Nesse estádio, que ocorre na infância, a criança se vê refletida no espelho e, pela primeira vez, tem uma noção de unidade e totalidade. Ela percebe a si mesma como um ser separado do mundo exterior.


No entanto, Lacan argumenta que essa imagem no espelho não reflete a verdadeira natureza do sujeito. É uma imagem ilusória que cria uma sensação de unidade, mas por baixo dessa unidade aparente, o sujeito é fragmentado e descentrado.


A Divisão Fundamental


Outro conceito-chave em Lacan é o da "divisão fundamental" do sujeito. Ele acreditava que o sujeito é dividido entre o "Eu" (moi), que é a identidade que construímos para nos relacionarmos com os outros e nos encaixarmos na sociedade, e o "sujeito do inconsciente", que é o verdadeiro núcleo do sujeito, repleto de desejos e impulsos reprimidos.


Essa divisão fundamental é o que torna o sujeito lacaniano tão complexo e enigmático. O sujeito está constantemente em conflito consigo mesmo, tentando reconciliar as demandas da sociedade com seus desejos mais profundos e incontroláveis.


Lacan acreditava que o inconsciente é uma parte central do sujeito e que muitos dos processos mentais que nos influenciam acontecem fora da nossa consciência.


O desejo desempenha um papel crucial na teoria de Lacan. Ele argumentava que o desejo não pode ser diretamente consciente, pois o desejo é muitas vezes contraditório e socialmente inaceitável. Portanto, o sujeito frequentemente desconhece ou reprime seus desejos mais profundos. Esses desejos reprimidos podem se manifestar de maneiras sutis ou mesmo patológicas em nossos comportamentos e sintomas.

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O ato falho, na teoria de Sigmund Freud e Jacques Lacan, é um conceito que se refere a ações ou palavras involuntárias que revelam pensamentos reprimidos ou desejos inconscientes. Ambos os psicanalistas abordaram o tema de maneira significativa, embora com algumas diferenças em suas interpretações.


Para Freud, o ato falho era uma manifestação do inconsciente em ação. Ele acreditava que quando alguém cometia um ato falho, como esquecer um nome ou trocar palavras, isso refletia um conflito entre impulsos inconscientes e as barreiras impostas pelo ego, o sistema psíquico que busca equilibrar os desejos do id com as demandas da realidade. Por exemplo, esquecer o nome de alguém poderia ser uma forma de evitar conscientemente o contato com essa pessoa devido a desejos ou emoções reprimidos.


Por sua vez, Lacan trouxe uma perspectiva linguística e estruturalista para o ato falho. Ele argumentava que as falhas na fala revelavam aspectos do inconsciente, uma vez que a linguagem era fundamental para a constituição do sujeito. Para Lacan, essas "escorregadelas" na fala, como trocar palavras ou sons, eram pistas que indicavam os conflitos e os jogos do inconsciente na tentativa de se expressar através da linguagem.


Jacques Lacan, influenciado pela teoria estruturalista e a linguística, via o ato falho como uma manifestação da relação entre a linguagem e o inconsciente. Ele argumentava que a linguagem era fundamental para a constituição do sujeito e, portanto, qualquer deslize na fala ou na escrita continha significados inconscientes. Lacan considerava que esses lapsos revelavam a presença do "inconsciente estruturado como uma linguagem" e a luta do sujeito para expressar seus desejos e angústias dentro das limitações da linguagem.

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Entre os muitos conceitos lacanianos, um dos mais intrigantes é a ideia do "impossível na subjetividade". Para compreender essa noção, é necessário explorar alguns dos conceitos-chave da psicanálise lacaniana.


Em primeiro lugar, Lacan postula que a subjetividade humana é construída através do complexo processo de linguagem e simbolização. Ele argumenta que somos seres divididos, marcados por uma falta fundamental que surge com a entrada na linguagem. Essa falta é o que nos impulsiona a buscar constantemente algo para preenchê-la, seja amor, reconhecimento, significado ou qualquer outra coisa. Essa busca incessante é o que impulsiona a nossa subjetividade.


O "impossível na subjetividade" lacaniano está relacionado a essa falta fundamental. Lacan sugere que essa falta é, em última instância, impossível de ser preenchida. É um vazio que persiste ao longo da vida de uma pessoa. Isso ocorre porque, à medida que buscamos preencher essa falta, muitas vezes nos deparamos com objetos que prometem alívio temporário, mas que, no final das contas, não conseguem satisfazer completamente essa necessidade.


Essa busca incessante pelo impossível na subjetividade é o que impulsiona o desejo humano. Lacan argumenta que o desejo é uma busca contínua e insaciável por algo que nunca pode ser completamente alcançado. É essa insatisfação fundamental que nos mantém em movimento, nos levando a buscar constantemente formas de nos relacionarmos com o mundo e com os outros.


Outro conceito importante em relação ao impossível na subjetividade é o conceito de "gozo" em Lacan. Ele sugere que, muitas vezes, buscamos o gozo como uma tentativa de preencher a falta em nossa subjetividade. No entanto, o gozo é paradoxal, pois, embora possa proporcionar prazer momentâneo, também traz consigo um elemento de sofrimento. Isso ocorre porque o gozo muitas vezes nos leva a um excesso que ultrapassa nossos limites e nos coloca em um estado de desconforto.


O "impossível na subjetividade" refere-se precisamente a essa insatisfação fundamental que nunca pode ser eliminada. É a noção de que sempre haverá algo faltando em nossa experiência, algo que não podemos alcançar plenamente.


Uma das implicações profundas desse conceito é que o desejo humano nunca se estabiliza. À medida que buscamos satisfazer um desejo, outro desejo surge em seu lugar. É


Além disso, o "impossível na subjetividade" também tem implicações para a forma como nos relacionamos com os outros. Nossos relacionamentos muitas vezes são afetados pela nossa busca incessante por satisfação de desejos. Podemos projetar nossos desejos em parceiros ou amigos, esperando que eles preencham nossa falta, o que pode criar expectativas irreais

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